quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A velha alucinação

Olavo de Carvalho
Época, 22 de julho de 2000


Cada nova geração de comunistas começa dizendo que os antecessores não entenderam nada
Cada geração de comunistas vive de renegar as antecessoras. O próprio marxismo nasceu de uma crítica arrasadora a seus precursores “utópicos”. Marx prometia que daí para a frente tudo ia ser tremendamente científico, e para isso começou por esconder os dados econômicos recentes, já que as estatísticas atrasadas de 30 anos eram mais apropriadas a sua teoria.

Por esse rigoroso método ele descobriu que uma revolução comunista só podia acontecer num país cheio de proletários. Não era o caso da Rússia, que só tinha condes, camponeses, empregados públicos e estudantes – uma corja de reacionários e oportunistas. Mas, para Vladimir I. Lênin, isso não era problema. Se a Rússia tinha poucos proletários, tinha muitos comunistas: bastava o Partido fazer a revolução em nome dos futuros proletários e, quando estes nascessem, seriam informados, nos bercinhos, de que estavam no poder fazia um tempão. O leninismo formou a classe governante mais poderosa, organizada e implacável que já existiu (implacável até consigo mesma: ninguém no mundo matou mais comunistas do que eles próprios). Quando a revolução estava consolidada e os proletariozinhos começaram a brotar, disseram-lhes que não havia mais vagas na Nomenklatura.

Todavia, a Revolução Russa não desmentiu completamente Marx. Sob um aspecto ela lhe foi bem fiel. Ele dizia que no campo só havia reacionários, um “lixo étnico” (sic) que devia ser varrido do higiênico mundo futuro. Os camponeses russos confirmaram isso em toda a linha, resistindo tenazmente à política anti-religiosa e à coletivização da agricultura, o que obrigou o governo a liquidá-los às pencas.

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PREFÁCIO

Este blog foi criado com o propósito de divulgar na internet a história do comunismo internacional, história esse normalmente mal conhecida quando não ignorada. Não nego que aqui tomarei partido das vítimas do totalitarismo comunista, que compreende, além dos 100 milhões de mortos e dos remanescentes, a liberdade humana, as religiões, as culturas envolvidas, etc. Sim, isso aqui não é um "portal neutro", mas sim um portal que vai mostrar o que os comunistas não gostam de dizer de si mesmos.

Essa posição, porém, não me dá a permisão de incorrer na falsificação e na desonestidade. A imensa maioria do que por aqui se publicará não será lavrada por meu próprio punho, mas não postarei textos que apenas ataquem o comunismo de forma genérica sem trazer nenhuma informação, nem usarei de fontes não confiáveis mas que "estejam engajadas com a causa". A realidade: só ela me interessa, e ela já basta que chegue.

Focarei mais na prática comunista do que na teoria em si, mas não desprezarei nada que seja honesto e consistente. Fotos, artigos, livros, vídeos, tudo o que for bom estará por aqui.

E agora comecemos.